segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sabah- venceu a morte.

Continuação,

Antes de começar eu diria o desfecho foi surpreendente, não fatal como o autor escreveu. Vamos a continuação da história.


De certa feita completamente ébrio o camponês chegou ao lar. Com sua maneira selvagem seviciou mais uma vez a esposa que o aguardava para o jantar, e deu-lhe um bofetão e não satisfeito avançou com fúria em direção a companheira. Essa procurando defender-se, evitando  a mão pesada do esposo com os braços, segurava uma faca que utilizara a pouco antes do preparo da comida, a faca soltou-se da sua mão e foi atingir de cheio o coração do homem causando-lhe morte instantânea. Toda a cena não durou mais que cinco minutos. Alarmada com o drama que se desenrolara aos seus olhos, a infeliz gritou por socorro sendo acudida pelos vizinhos e, também pelos famigerados homens do  Cheik. Levada a presença do ditador da cidade, este ordenou-lhe morte pala fome.
  Por concessão especial, a condenada poderia ser todos os dias visitada por uma pessoa de sua família. Sabah sua filha teve assim permissão para visitar diariamente a genitora. Passaram-se os dias, outros vieram e a vida continuava normalmente. A condenada apresentava boa saúde, suportando em boas condições  a pena que lhe foi imposta. Passou-se o primeiro mês e ela não  morreu. As autoridades policiais e o próprio Cheik ficaram intrigados.
Será possível que aquela mulher tivesse tanta resistência física?
Tiveram então uma ideia, ordenaram ao carcereiro que do teto da prisão fisese observações já que sua filha Sabah ao entrar no cubículo era revistada e nada em seu corpo ou suas vestes era encontrado. Cumprindo a ordem emanada pelo Cheik, o carcereiro constatou que a condenada nutria-se do leite do seio da filha, a qual amamentava em casa um recém-nascido.
Sensibilizado com aquela cena de amor filial e satisfeito em poder desvendar diante do Cheik o mistério, o carcereiro correu aos pés do seu chefe e exclamou pasmado.
  - Senhor... Senhor, a condenada se mantem firme porque está sendo alimentada com o leite da filha...
Irritado respondeu o soberano: -  Tragam essa mulher a minha presença. Com a jovem Sabah ajoelhada a sua frente, vociferou:
Es criminosa duas vezes. Primeiro porque estavas desrespeitando uma sentença. Segundo porque estavas desviando a alimentação de um inocente, do vosso próprio filho recém-nascido. E por tudo isso estas condenada a mesma pena imposta a sua mãe.
Sabah com os olhos marejados de lágrimas, mas com a consciência tranquila, respondeu:
 - Cheik, senhor de todos nós! Sou acusada de estar enfraquecendo meu filho e de querer mata-lo lentamente pela fome desviando o leite que lhe pertence. Isso porém não é verdade, pois meu filho farta-se do leite, antes de vir nutrir minha mãe. Mas se assim fizesse não tinha nada, sou casada, meu esposo é ainda jovem, poderíamos ter outros filhos. Mas por Alah...Respondi-me ó Cheik... Se eu perder minha mãe, onde irei buscar outra? Respondei-me por Alah...Respondei-me.
A interrogação feita pela jovem Sabah ecoou por todo o palácio.
Não suportando a emoção do quadro que presenciara, o soberano anulou a sentença com as seguintes palavras:
 - Libertem a condenada. Anulo a pena imposta a essa jovem que aqui está e que soube, com amor materno vencer a morte que iria levar para sempre aquela em cujo ventre gerou-se e cujos seios amamentou-a.

Muito lindo esse conto de Mulaia, um exemplo de gratidão maternal.